14.2.06

quase

Silêncio absoluto. Somente minha respiração. Funda, lenta, quase.
Uma bicicleta. Um cachorro. Todos eles. O sorveteiro com sua maldita gaita. A porra do escapamento do fusca do vizinho. O miserável que ainda acha que carro de som é uma ótima mídia, barata e de longo alcance.
Quase. Quase conseguindo dormir.
Silêncio absoluto. Somente minha respiração. Funda, lenta, quase.
O sorveteiro com a porra da gaita. O maldito que ainda acha que carro de som é uma ótima mídia, rentável e impactante. O escapamento do fusca do vizinho miserável. Uma bicicleta. Um cachorro. Todos eles.
Quase. Quase desistindo de dormir.
Silêncio absoluto. Somente minha respiração. Funda, lenta, quase.
O maldito escapamento do fusca do vizinho. Uma bicicleta. O que ainda acha que a porra do carro de som é uma ótima mídia, dura bastante e gruda na cabeça. Um cachorro. Todos eles. O miserável sorveteiro com sua gaita.
Quase. Quase abrindo a janela e atirando em todo mundo.

4.2.06

será que é tão difícil...

Dar seta para mudar de faixa ou para virar?
Deixar o outro que deu seta passar?
Andar quando o sinal abre e parar quando fecha?
Usar a faixa da direita para ir mais devagar?
Ligar o pisca-alerta quando parar onde não se deve parar?
Esperar por sua vez?
Parar de olhar só para o próprio cu e perceber que as pessoas em volta também têm seus compromissos?
Ou será que o problema é comigo, que consigo fazer tudo isso numa boa, sem dificuldade?
Dirigir em Campinas não é tarefa simples. Tenho certeza de que até mesmo Sidarta ou o Dalai Lama, mais hora menos hora, meteriam a mão na buzina e exclamariam um sonoro "VAI TOMÁ NO CU FILHO DA PUTA!".
Acho que pra tirar carta nessa cidade deveria ser obrigatório um exame cardíaco, porque, como diria o Galvão Bueno, haja coração!
Preciso sair daqui o quanto antes. Se continuar desse jeito, morro de infarto antes dos trinta e cinco.
Uma colega de trabalho resumiu tudo isso em poucas - mas sábias e hilárias - palavras: CAMPINEIRO DÁ O CU, MAS NÃO DÁ SETA.
Absolutamente genial, Julia.