25.4.06

reflexões à cerca dela

Será que quando morrer terei mesmo que bater as botas e abotoar o paletó? Será que se eu não fizer isso ninguém vai perceber que estou morto?
Veja como é complicado: tenho que saber exatamente a hora em que vou desta para sei-lá-onde, e as duas últimas coisas a fazer são abotoar o paletó e bater as botas. E não pode ser alarme falso.
Para piorar, odeio usar botas e paletós, ainda mais quando estão abotoados.
Dificilmente estarei preparado para o meu derradeiro dia.

16.4.06

casos do acaso

Abriu os olhos com a mesma dificuldade de sempre, nunca um médico conseguiu explicar a quantidade extravagante de remela produzida pelo rapaz. Mas, embora tudo parecesse normal, ele sentiu que aquele seria um dia diferente, especial.
Tomou um longo banho quente, fez a barba com todo cuidado, lembrou-se de passar a colônia e vestiu sua melhor roupa - incluindo a melhor cueca, tudo cheirando novo.
Não era de seu costume, mas resolveu passar gel no cabelo e modelar um topete invocado. Deu a última mijada, olhou-se mais uma vez no espelho enquanto lavava as mãos e saiu correndo.
Mal colocou os pés para fora de casa e já sentiu a diferença. Todo mundo olhava. As mulheres sorriam e se ruborizavam, os homens se irritavam e as crianças, donas de espontaneidade ímpar, apontavam e gargalhavam, como se estivessem vendo um anjo, uma divindade. O caminho todo ele se sentiu um alvo, chegou até a ficar com medo de cruzar com uma louca feia e ser atacado, porque se fosse bonita não teria problema.
Não estava acostumado com os olhares de contemplação e começou a se sentir envergonhado, não devia ter ficado tão bonito assim. Entrou apressado na firma, queria passar ligeiro no banheiro e tentar consertar tamanha boniteza. A recepcionista quase desmaiou quando ele atravessou o saguão de entrada do prédio.
No sanitário, aproveitou para dar mais uma regada no vaso e viu sua dignidade e seu ego irem embora com a urina, pela descarga. O zíper estava aberto, e a cueca era de elefantinho.

11.4.06

não se reprima

Sexta-feira, um barzinho, MPB ao vivo e muitas cervejas. Mais pro fim da noite, já pra lá de Bagdá, ouvi um murmurinho sobre os Menudos.
Para quem não se lembra, os Menudos formavam uma espécie de boy band latina - ou melhor, latrina - que rachou o bico de fazer sucesso em meados dos anos 80. Na verdade, pode-se dizer que o Ricky Martin só existe graças aos Menudos.
Voltando ao assunto. Ouvi a galera falando alguma coisa sobre os caras e, de repente, eu e Serjones estávamos cantando “sabe, é chocolate si” e cagando de rir. Alguns minutos mais tarde começa a rolar um papo sobre uma foto com o Menudo, e logo eu já estava pegando o autógrafo e sendo fotografado com um deles.
É isso aí. Graças ao Serjones - viciado em tirar fotos com celebridades toscas - posso dizer que tenho uma foto com o Roy, provavelmente o menos famoso deles, mas ainda assim um ex-Menudo. O mais engraçado é que só fui descobrir que ele realmente era o cara quando já estava no carro, indo embora. O tempo todo, durante a foto e o pedido de autógrafo, achei que tudo aquilo não passasse de uma grande sacanagem com alguém que tinha cara de Menudo.
Agora, meu computador está devidamente enfeitado com um autógrafo colado com durex na borda do monitor e uma bela foto de papel de parede.
Moral da história? Não se reprima, pode gritar.

4.4.06

um mês depois

Um amigo meu conseguiu resumir com extrema precisão a relação entre sexo, homens e mulheres. Segundo ele, as mulheres usam o sexo como uma forma de conseguir carinho, e os homens usam o carinho como uma maneira de chegar ao sexo. Não dá pra negar, é a mais pura verdade. Claro que, como em tudo na vida, existem exceções, mas em geral é isso mesmo.
Homens não precisam de preliminares e muito menos de beijinhos e carícias depois de uma trepada, já as mulheres muitas vezes só liberam a perseguida porque vêem no ato sexual uma chance de ser elogiada, acariciada, paparicada e etc.
Esse antagonismo também pode ser percebido na maneira como homens e mulheres encaram a fornicação. Para elas o sexo é considerado como apenas mais uma das tarefas do dia. Já ouvi mais de uma delas dizendo que além de cozinhar, lavar, passar, trabalhar, estudar e cuidar dos filhos, ainda tem que fazer sexo. Como assim "ainda tem que fazer sexo"?! Esse é, sem dúvida, um dos maiores absurdos que já ouvi na minha vida.
Já para nós, moçoilos do sexo masculino, o sexo é justamente a recompensa por um dia cheio, uma espécie de prêmio por ter ralado o dia inteiro, aguentado todo tipo de desaforo e engolido sapos monstruosos. Todos os problemas parecem desaparecer depois de uma trepada, e nem precisa ter sido uma das boas.
Resumindo, enquanto ela chega em casa cansada e resmunga "puta merda, ainda tenho que dar praquele idiota", ele chega exausto e pensa "porra, hoje foi foda, mas pelo menos vou dar uma metida".
Sendo assim, podemos concluir que o mundo tem três saídas:
1 - Continua do jeito está, o que significa que vai continuar do jeito que está.
2 - Os homens passam a pensar como as mulheres, o que significa o fim da espécie humana, causada pelo atrofiamento dos orgãos genitais masculinos pouco utilizados.
3 - As mulheres passam a pensar como os homens, o que também significa o fim da espécie humana, já que passaríamos o dia todo trepando e esqueceríamos todo o resto.
Eu, sinceramente, não ficaria nem um pouco incomodado se o mundo acabasse em sexo.

*Não tente encontrar alguma relação entre título e texto, é inútil. O título é só pra reforçar que eu fiquei exatamente um mês sem postar.