16.5.06

futebol x vida

Acho que compreendi o principal motivo da paixão do ser humano, e principalmente do brasileiro, pelo futebol. Sem dúvida, esse é o esporte que melhor retrata a nossa vida, o nosso dia-a-dia.
Veja se a minha teoria não é, no mínimo, coerente. Há momentos da minha vida em que eu praticamente não preciso me esforçar, e mesmo assim consigo vencer. Em compensação, muitas vezes me dedico de corpo e alma a alguma coisa, uso todo o meu potencial, e mesmo assim me ferro de verde e amarelo.
Da mesma forma, existem tarefas que parecem ridículas de tão fáceis, e eu acabo sofrendo como um porco para conseguir concluí-las – isso quando não levo um couro delas. Também existem aqueles dias em que tudo parece dar errado, mas no final consigo uma virada heróica e vou dormir feliz da vida.
As coincidências não param, como quando eu faço tudo certo e marco um golaço, mas alguém que está acima de mim acaba me prejudicando. Ou o contrário, quando faço coisas erradas e esse mesmo que está acima de mim opta por me favorecer – atenção, esse que está acima de mim não é deus, é humano mesmo, como um chefe, um professor, um policial, etc.
Também existem aqueles que têm dinheiro e conseguem as coisas sem muito esforço, e aqueles que são pobres e estão sempre lutando contra o rebaixamento. Mas, por outro lado, alguns têm muito dinheiro e não sabem gastar, enquanto outros com poucos recursos dão um banho de planejamento e profissionalismo.
Enfim, se eu fosse descrever todas as relações entre o futebol e a nossa vida ninguém ia ter saco pra ler o texto até o fim. Acho que já consegui deixar bem claro o meu ponto de vista.
Mas aí vêm os times. E, seguindo essa minha linha de raciocínio, acredito que cada um escolhe, inconscientemente, aquele time que mais se parece com a sua própria história - digo inconscientemente porque a grande maioria das pessoas escolhe o seu time de futebol muito antes de poder relacioná-lo com a vida.
O meu caso parece ser exatamente esse. Escolhi torcer para um time grande, com um histórico de conquistas gloriosas, vitórias emocionantes e viradas históricas. Mas tudo sempre com muito sofrimento, raça e dedicação. Tudo sempre no último minuto, a custo de muito sangue e suor. Um time que está quase sempre entre os primeiros, que vira e mexe ganha um campeonato e enche os torcedores de esperança, mas que nunca será campeão da América, e muito menos do Mundo.
Preciso dizer qual é?

3.5.06

rrrrrrronaldinho!

Comprei o álbum de figurinhas da Copa.
Neste momento você deve estar pensando que eu não tenho mais idade pra isso, mas o fato é que convenci boa parte da galera do meu trampo a colecionar também, e alguns deles são quase dez anos mais velhos que eu.
E agora você deve estar praguejando algo do tipo “é, homem não cresce mesmo”. Errou de novo, porque dentro desse grupo de colecionadores de figurinhas da Copa daqui da agência há uma menina, embora ela seja tão gente boa que alguns, inclusive eu, a consideram como um camarada. Amo as mulheres, elas são lindas e tal, mas, convenhamos, é difícil achar uma tão legal quanto aquele seu brother do bairro, da escola, ou até mesmo do trabalho.
Por último, já numa atitude totalmente desesperada e preconceituosa, você prefere acreditar que isso é coisa de publicitário, povinho que não tem mais o que fazer e se diverte com pouco. É verdade, nos divertimos com muito pouco, às vezes com nada, mas temos sim muito o que fazer. A diferença é que a gente sabe se divertir enquanto se fode - basicamente o mesmo princípio da suruba.
Mas, mesmo assim, você errou. Dia desses passei numa banca para comprar figurinhas e um sujeito engravatado fazia a mesma coisa. Numa conversa informal sobre adultos que não tem vergonha na cara e compram figurinhas da Copa do Mundo, descobrimos que o rapaz é advogado e, pasmem, estava comprando colantes para ele e para sua chefe, dona do escritório de advocacia, que também andava super empolgada com o seu novo hobby.
Conclusão: os únicos pré-requisitos realmente importantes para se tornar um colecionador de figurinhas da Copa é não ter vergonha de si mesmo e manter, por todo o sempre, um espaço cativo no coração para o seu lado criança. Isso sim - e digo com o peito cheio de orgulho - é coisa de publicitário, embora não seja exclusividade da nossa profissão.